Disco Nota 11: Ten - Pearl Jam

domingo, 2 de junho de 2013

Por Paulo Fernandes para rockontro.com.br





O GRUNGE GRUNHE NO HOLLYWOOD ROCK

Nome feio esse tal de grungesempre me lembra grunhirQuando a mídia voraz voltou seus olhos e garras para Seattle no início da década de 1990, eu fiquei quieto no meu canto esperando algo de novo e consistente no rock.

Foi quando me depareina conceituada revista semanal Veja, com a foto do disco “Nevermind” do Nirvana. Era uma reportagem sobre novos nomes da música mundial e havia também a capa do disco “Shepherd Moons” da EnyaAchei a capa muito bacana e pelo nome Nirvana pensei, a princípio, se tratar de música new agemas alguém me disse que som não correspondia à capaFiquei quieto.

Nirvana no Hollywood Rock

Então calhou de, em uma noite insoneeu ligar o televisor e dar de cara com a transmissão do 4º Hollywood Rock, festival de 1993 no Brasil, e quem estava tocando?  Aquela banda de Seattle que pegou emprestado seu nome das religiões indianas - Nirvana: “estado permanente definitivo de beatitude, felicidade e conhecimento, meta suprema do homem religiosoobtida através de disciplina ascética e meditação” – Dicionário Houaiss.

que vi, e ouvinão se parecia em nada com o Nirvana budistaUns sujeitos tocando propositadamente mal, uma música repetitiva de 2 estágiosrápido – lento - rápido – lento... Detesteiainda mais que eles pareciam estar se lixando para a plateia.

 REDENÇÃO SEM ATINGIR O NIRVANA

Pensei que meu incipiente interesse no grunge havia morrido naquela noite.

Porém minha alma sempre anseia pela elevação, em atingir o Nirvana (o estado espiritual) – espero que  não toque Nirvana (a banda), e continuei meu caminho com olhos e ouvidos atentos.



E a busca me levou a Caldas Novas, mais precisamente à discoteca do NenoQuando lá cheguei estava tocando uma música sensacionalpesada, sons elaborados de guitarra e um vocalista com uma bela voz de barítono. Era Even Flow do Pearl Jam.

 UM DISCO NOTA 10 + 1

Não preciseinaquele momentoescutar mais nenhuma música de “Ten”, o primeiro disco do “Clash de Seattle” (O Nirvana é o Sex Pistols), deixei tal prazer para quando chegasse em casa.



Estou certo que “Ten” é bom justamente pelo ponto em que foi criticado pelos puristas dogrunge na época de seu lançamento: o Pearl Jam não se prendia ao rock básico e primário de seus contemporâneos e alçava vôos maiores incorporando influências setentistas de baluartes do hard rockcomo o Led Zeppelin (daí minha comparação entre o Pearl Jam e o Clash, este também havia extrapolado as fronteiras do punk).



O disco, apesar dos temas espinhosos das letras de Eddie Vedder (depressãoinjustiças sociaissuicídiosolidão), tem a sua parte instrumental muito rica: forte, nervosa e melodiosagestada que foi em longas jam-sessions promovidas pelos instrumentistas do Pearl Jam, partindo principalmente das ideias (riffs poderosos) do guitarrista Stone Gossard e do baixista Jeff Amentamparados por Mike McCredy (guitarra) e Dave Krusen (bateria). Eddie Vedder chegou depois com suas contundentes letras.



É um disco excelente do começo ao fim, o que acabou por eclipsar um pouco os ótimos álbuns posteriores do grupoficando como marco definitivo da música do Pearl Jam.



FAIXAS

    1) Once (Vedder / Gossard)
    2) Even Flow (Vedder / Gossard)
    3) Alive (Vedder / Gossard)
    4) Why Go (Vedder / Ament)
    5) Black (Vedder / Gossard)
    6) Jeremy (Vedder / Ament)
    7) Oceans (Vedder / Ament / Gossard)
    8) Porch (Vedder)
    9) Garden (Vedder / Ament / Gossard)
  10) Deep (Vedder / Ament / Gossard)
  11) Release(Krusen / Vedder / Ament / McCredy / Gossard)

contém a faixa oculta Master/Slave.


MÚSICAS

  

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