Pholhas e seu Dead Faces

domingo, 1 de setembro de 2013

Por José Maurício para rockontro.com





Quando o Wander Mass Group abandonou as músicas instrumentais que animavam as festas de colégioWanderley e Tinho deixaram o grupoPaulinho (Paulo Roberto Fernandesbateria/vocal), Oswaldo (Oswaldo Malagutti Jrbaixo) e Hélio (Helio Santistebanteclado/violão/vocal) convidaram o beatlemaníaco Wagner Tadeu Benatti (Bitãoguitarra/vocal) para formarem os Pholhas.



Com a censura implacável, as gravadoras resolveram investir em cantores nacionais interpretando em inglês (caso de ChrystianFabio Jr. (Mark Davis), Jessé (Tony Stevens), etc). Nesse cenário surgem Os Pholhasvindo de um sucesso espetacular nos bailes (onde faziam covers de Creedence Clearwater RevivalHollies e principalmente Beatlesrumo ao primeiro disco. “Dead Faces” foi gravado pela RCA e lançado em 1973.

Para apreciar esse Long Play temos que voltar ao início dos anos setenta onde tínhamos três fontes básicas para ouvir uma músicaesperar ela tocar no rádio (e, se estivesse preparadogravar usando um microfone e um gravador portátil); comprar o compacto (que na linguagem de hoje seria single) e se tivesse muito dinheiro comprar o LP.

acesso à letra da música era quase impossível  que nem todo LP possuía encarte. Saber o nome da música  era grande coisapois a maioria dos locutores não sabia inglês e sua pronúncia beirava o grotesco. Não podia se esperar muito do conhecimento da língua inglesa naqueles tempos, poucas escolas e muito caras...
        
Um bom disco começa pela capa e o primeiro (e melhor) LP dos Pholhas trazia na capa asmáscaras mortuárias dos quatro elementos do grupo (uma alusão ao título: “Dead Faces”).

Capa do LP autografada pelos 4 Pholhas


capa é tão boa que vinte e sete anos depoisStorm Thorgersonpartindo da concepção original de Roger Waters em 1980, usou as máscarasque aqui não são mortuárias, dos quatro membros do Pink Floydpara a capa do álbum “Is There Anybody Out There? The Wall Live 1980–81”, de 2000Pessoalmente acho que a Ana Teóphilo (foto) e o Tebaldo (arteconseguiram um efeito melhortalvez por causa dos olhos das máscaras (compare e tire sua própria conclusão).

“Dead Faces” é repleto de baladas românticas que fizeram bastante sucessoThe Other One (que abre o lado A do disco),  She Made me Cry (o segundo maior hit do disco), I Never Did BeforeIt’s Gonna Be HardAngel’s Spring e o maior sucesso da bandaMy Mistake.        



My Mistake conta a história de um erro cometido pelo protagonista ao matar a mulher infiel (esse não é tema exclusivo do mundo sertanejo). Sob certo aspecto podemos considerar que essa música encerra a trilogia iniciada por I Heard It Through the Grapevine (gravada por Marvin Gaye e Creedence Clearwater Revivalonde o portador da galhada fica sabendo de sua “sociedade” através de fofocas. Se em Hey Joe (gravada por Jimi Hendrix e Deep Purple) o traído acaba de atirar na mulher e tenta fugir para o México, em My Mistake ele já está preso e arrependido por ter perdido a cabeça e atirado nelaAliásesse “perdido a cabeça” (o domínio da língua inglesa não era o ponto forte das composiçõesaparece como I lost my “head” (e não I lost my MIND) e eu ficava imaginando uma pessoa sem a cabeça atirando na infeliz. Mas o que interessa é a música! Só pelas baladas já seria um grande disco.

The World’s Truthé um rock filosófico sobre a busca da verdade: “o mundo é cheio de meias verdades individuais”. Grande rock com solos de teclado e guitarra abrindo caminho para a progressiva Beauty of Your Soul onde a guitarra do Bitão é a estrela. Dead Faces fecha o lado A do vinil com uma guitarra base (ou rítmica como diziam na época) em perfeita sintonia com o teclado.

Pholhas em Anápolis


Para abrir o lado B do vinil o melhor rock progressivo nacional (ao lado de Lar de Maravilhas do Casa das Máquinas): In My Way. Tive o prazer de solicitar essa música durante um show aqui em Anápolis e ouvir a promessa (cumprida) de que a banda a tocaria da próxima vez. Também nesse lado encontra-se a música com o maior título que conheço (se alguém souber de outra, por favor, comente): Your Mother Really Doesn´t Appreciate too much Our Friendship, But I Don’t Mind.  Acho que essa música nunca tocou no rádio, nenhum locutor arriscaria anunciá-la. O LP termina com The King’s Walk, um excelente instrumental onde o entrosamento do grupo fica evidente.

 MÚSICAS


Álbum Completo


She Made me Cry

My Mistake


In My Way

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