Belchior: Sem medo do rock

domingo, 29 de junho de 2014

Por Paulo Fernandes para rockontro.com

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O REPENTE E O ROCK
O cearense Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, ou simplesmente Belchior, é uma figura impar da música brasileira por vezes envolta em mistérios e polêmicas que acabam por ocultar sua importância para a cultura nacional ao juntar Beatles, MPB e tradições nordestinas como o repente. Suas letras personalíssimas e seu modo de cantar já foram até objeto de homenagem/paródia na música Uma Arlinda Mulher dos Mamonas Assassinas.
APENAS UM RAPAZ QUE AMAVA OS BEATLES
Aos 25 anos (como cantou na música Apenas um Rapaz Latino Americano) Belchior se mudou do Ceará para o “Sul Maravilha” (como cantou na música fotografia em 3×4: “Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade, disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade São Paulo violento” ), primeiro para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo, para tentar a sorte como cantor e compositor, após ter abandonado o curso de medicina em Fortaleza.
Os cearenses Belchior e Fagner
Os cearenses Belchior e Fagner
Sua música Na Hora de Almoço ganhou um festival universitário de MPB em 1971 o que lhe deu maior visibilidade e um contrato com uma gravadora.
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Seu primeiro álbum lançado em 1974, e relançado em 1976 para “pegar carona” no sucesso do segundo “Alucinação”, talvez por não ter tido boa divulgação, talvez pela fraca produção, não obteve sucesso. São desse disco as primeiras gravações de sucessos posteriores de Belchior: A Palo Seco, (que estaria também em “Alucinação”), Todo Sujo de Batom (que estaria em “Coração Selvagem” de 1977) e Na Hora do Almoço (gravada depois em “Todos os Sentidos”de 1978). Vale a pena a comparação das gravações, segundo o Zé Maurício disse “parece que no primeiro disco Belchior tinha “medo” do microfone, enquanto nos outros discos ele o agredia”.
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Foi exatamente com seu segundo álbum, “Alucinação”, de 1976 que Belchior alcançou a sua consagração e o reconhecimento de artistas influentes da MPB, tendo Elis Regina gravado duas músicas desse álbum em seu disco “Falso Brilhante”: Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida.
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A excelente fase criativa de Belchior continuou durante o restante da década de 1970 e parte da década seguinte e gerou alguns de seus maiores clássicos, além das já citadas acima:  ParalelasGalos Noites e Quintais (a música que Chico Anysio queria ter feito), Divina Comédia HumanaMedo de Avião e Comentário a Respeito de John.
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Eu estava aqui a escrever sobre esse notável músico quando pensei no que o Zé Maurício falou em seu artigo “Ao Chegar do Interior: O Rock a Patrulha e o Brega” sobre uma época (final da década de 1970) em que torciam o nariz quando dizíamos que gostávamos mais de rock do que de MPB. Pois foi exatamente nesse período de tempo que o Belchior estava no auge de sua criatividade e sucesso, e o melhor não tinha medo de dizer em suas canções de MPB que amava o rock e os Beatles.
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“Eu dizia que também gostava de música brasileira como London, London de Caetano Veloso e Medo de Avião de Belchior (principalmente aquela frase final: I wanna hold your hand” (Zé Maurício)
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