Com cerca de cento e cinquenta
obras, em diversos materiais, linguagens e tamanhos, de noventa e dois
artistas, de onze países, a 2ª exposição Sou
Frida, tem encantado o público Goianiense. A mostra organizada pela
artista Ana Marta Austin, está na Galeria Cultura e Cidadania do Procon
Goiânia, que fica na avenida Tocantins, 191, Centro – e vai até o dia 28 deste
mês. Veja mais na página do evento.
Sobre o universo de Frida Kahlo,
e como começou o projeto de Sou Frida, por Ana Austin, conversei semana passada
com a artista. Leia abaixo, os principais trechos:
Patricia Finotti Opinião – Como
iniciou o projeto sou Frida? E o porquê do projeto se estruturar em Arte
Postal?
Ana Marta Austin - O Projeto
"Sou Frida!" começou em março de 2013, para homenagear o Dia
Internacional da Mulher, como alternativa às homenagens corriqueiras que duram
só um dia. A Arte Postal se apresenta como
o veículo ideal para isso, já que não conhece as fronteiras do tempo, das
distâncias, idiomas, ideologias. Pela Arte Postal disseminamos ideias,
espalhamos cultura e conhecimento de qualquer assunto que se pretenda.
Cartaz da Exposição |
P.F.O. – Como foi feita a
convocatória para mobilizar as pessoas a integrarem o Sou Frida?
A.M.A. -
Lancei a convocatória nas redes sociais: blog (http://fridaemim.blogspot.com.br/), Facebook. Criei um blog
especialmente para o projeto e pedi para que cada pessoa mostrasse a
"Frida" que tem dentro de si... ou como vê Frida Kahlo. Os trabalhos poderiam ser enviados via
correio tradicional e/ou eletrônico.
Com a artista Ana Austin e Sylvia Pelles Diretora do Fundo Municipal de Defesa do Consumidor do Procon-Goiânia |
P.F.O. - Por que Frida Kahlo?
A.M.A. -
Procurei um ícone para a proposta da homenagem. Queria uma mulher feminista de
comportamento, uma mulher como qualquer outra, que teve vida conturbada,
sofrida, mas que foi autêntica; além de que, Frida Kahlo foi, por muito tempo,
a única referência de mulher no mundo e na História da Arte, espaço
eminentemente masculino. Ela foi uma mulher que deixou um legado completo em
relação à arte, política, vida. Uma mulher que merece ser conhecida, e é. Hoje
já existe o termo "fridolatria"... Frida
é pop.
P.F.O. – Goiânia, é a segunda capital a receber Sou Frida. Como aconteceu a primeira exposição no restaurante El Paso Texas do Terraço Shopping?
A.M.A. - O Restaurante El Paso fica num shopping perto da quadra onde moro. Um dia passei lá e vi um portal azul, e toda decoração inspirada na cultura mexicana, de imediato, vi ali o melhor lugar para mostrar o "Sou Frida!". Enviei o projeto por mensagem para o dono do restaurante, o chef David Lechtig, que logo me colocou em contato com sua assessora de comunicação e todo o processo transcorreu em clima de magia, a ambientação ficou perfeita e ficamos lá pouco mais de 30 dias. A acolhida e a receptividade do público foram ótimas, acima das minhas expectativas para essa primeira experiência, o mesmo que está acontecendo, agora, na Galeria Cultura & Cidadania do Procon - Goiânia. Espero que as próximas sejam tão maravilhosas e profícuas como as duas primeiras.
P.F.O. - O porquê em expor em
diversas regiões do Brasil?
A.M.A.
- Como pretendo levar esse projeto para o Museo Frida Kahlo, a famosa
Casa Azul, quero levar com ele as diversas representações de nossa cultura.
Quero deixar lá como pensamos e sentimos em relação a Frida Kahlo. Ao mesmo
tempo, em cada região por onde passar, as pessoas irão conhecer as nossas
próprias representações, já que cada região tem suas peculiaridades e formas de
se expressar. Essa troca de conhecimento é uma característica forte na Arte
Postal.
P.F.O. - Como o projeto tem
sido recebido pelas pessoas?
A.M.A. -
O projeto tem sido muito bem recebido. As pessoas têm muita curiosidade, porque
Arte Postal não é uma modalidade muito conhecida, e porque, como já dissemos,
Frida Kahlo é pop, tudo o que se refere a ela vira atração; a diferença do nosso projeto, é que ele não tem
caráter comercial, ou seja, as obras não são vendidas.
P.F.O. - Como será chegar a Casa
Azul de Frida no México?
A.M.A. -
Essa é uma pergunta que eu também me faço. Quando
iniciei o projeto ele seria apenas uma homenagem virtual na galeria permanente
do blog, mas comecei a receber tantas obras maravilhosas que senti a
necessidade de mostrá-las "ao vivo" e saí em busca de espaços. A
partir daí, o projeto só cresce, e eu entendi que não tenho o direito de
guardar um acervo tão especial só para mim, então, penso que o Museo de Frida Kahlo será o
melhor lugar para abrigá-lo e onde todos esses trabalhos poderão ser vistos por
pessoas do mundo inteiro. Agora, como chegar lá... Vou precisar de apoio,
parcerias, patrocínio. Já estamos na nossa segunda exposição, espero que as
possibilidades comecem a aparecer.
A melhor parte nisso tudo é ver
que as pessoas já se sentem estimuladas a se representarem nesse projeto,
desenvolvendo assim essas possibilidades/capacidades, sem pensar que precisam
ser artistas para isso. Arte Postal é toda Arte que se troca por correio, e
todo trabalho com esse propósito é Arte. Tenho visto que as pessoas estão
pesquisando, as crianças estão sendo estimuladas em casa e nas escolas e isso
significa aprendizado, descobertas. A Arte é para todos, é desenvolvimento do
pensamento crítico, é autoconhecimento. Estão de parabéns todos os espaços que
se abrem para a Arte e a Cultura.
P.F.O. - Por que Frida continua a
ser um ícone, seja nas artes, na moda, nos conceitos feministas?
A.M.A. - Na minha opinião, pela
força de sua personalidade. Depois de sessenta anos de sua morte, Frida Kahlo
continua uma unanimidade. Foi uma
mulher como poucas;mesmo se envolvendo em política,
simpatizando com o Comunismo da época. Mesmo tendo uma vida pessoal bastante
conturbada, até para os dias de hoje, vivendo sua sexualidade plenamente e
sofrendo as agruras das traições. Mesmo com todas as limitações de seu corpo e
saúde frágeis, com sua personalidade forte, sua autenticidade e firmeza de
caráter, deixou uma marca indelével na história do mundo e, em especial, na
história da mulher no mundo e na História da Arte, não se prendendo a
movimentos, estilos, fez o que quis fazer. Era mexicana, mas é do mundo hoje e
sempre será.
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