Alergia Múltipla Alimentar

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

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Alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância estranha ao organismo, ou seja, uma hipersensibilidade imunológica a um estímulo externo específico. Os anticorpos provocam no sangue liberação de histamina, substância responsável pelos sintomas mais comuns da alergia, como os espirros.

É cada vez maior o número de crianças com algum tipo de alergia. Segundo especialistas, um em cada três adultos, e quatro em cada dez crianças tem algum tipo de alergia. Atualmente, cerca de 30% da população mundial tem algum tipo de alergia. Já alergia alimentar atinge cerca de 2 % da população geral, e mais de 8% das crianças.

A Alergia Alimentar – AA - é a denominação utilizada para as reações adversas aos alimentos que envolvem mecanismos imunológicos, resultando em grande variabilidade de manifestações clínicas. Podendo ser IGE - Imunoglobulina E, e/ou reações imunológicas não mediada por IGE, ou seja, reações como: urticarias, broncoespasmo, anafilaxia, gastroenterites, dermatite atópica, e outras.

A alergia a um determinado alimento origina, habitualmente, com o aparecimento dos sintomas poucos minutos após a ingestão. Estas reações denominadas imediatas podem atingir a pele e mucosas, as vias respiratórias, os sistemas gastrointestinal e cardiovascular de uma forma isolada ou combinada. Podem ainda ocorrer reações anafiláticas, que são mais raras. Entretanto, estas assumem importância primordial, pois, desencadeiam muito rapidamente, colocando em risco a vida do alérgico quando não tratadas de forma imediata e adequada.

As manifestações alérgicas alimentares variam conforme a idade. Nas crianças é muito comum a dermatite atópica, caracterizada por inflamação crônica da pele. No adulto são habituais as reações imediatas, como: náuseas, os vómitos, as cólicas abdominais e a diarreia. Os alimentos mais frequentemente envolvidos em situações de alergia são: leite, ovo, frutos secos, soja, trigo, peixe e frutos do mar.

É fundamental que o diagnóstico de alergia alimentar seja estabelecido por um Imunoalergologista. Quando necessário, o aconselhamento para manter uma dieta nutritivamente equilibrada será também orientado por um nutricionista. A interpretação dos resultados dos testes cutâneos de alergia e das determinações sanguíneas de IgE específica exige experiência e perícia, pois, um teste cutâneo positivo a um determinado alimento não implica, necessariamente, ocorrência de alergia. Crianças com história de alergia a um determinado alimento podem desenvolver tolerância, isto é, passar a poder ingeri-lo, mantendo reatividade cutânea a esse alimento. Por outro lado, um teste cutâneo negativo não permite excluir terminantemente o diagnóstico de alergia alimentar.

Outro teste é o de provocação oral que consiste na ingestão de quantidades crescentes do alimento suspeito a fim de estabelecer o diagnóstico definitivo de alergia alimentar. A execução deste teste não é isenta de riscos, devendo ser sempre efetuado por especialista experiente, em ambiente hospitalar e vigilância ao longo de pelo menos 24 horas.

A maioria das alergias alimentares pode resolver-se até à idade escolar. Excetuando-se alguns grupos de alimentos como os frutos secos e do mar. Se a alergia alimentar surge na idade adulta é menos provável o seu desaparecimento.

Conforme discutido nos últimos congressos, na gravidez não se deve fazer restrição alimentar antecipada, somente nos casos de alergia específica da mãe, nesse caso a mãe deve continuar evitando os alimentos alergênicos durante o aleitamento materno.

Também foi discutido que, não se deve adiar ou retardar a introdução de alimentos sólidos com potencial alergênico, com antecedentes familiares de alergia, deve ser introduzido normalmente, lembrando que a amamentação é importante nos seis primeiros meses de vida.

A adoção de dietas restritivas em crianças pode acarretar défices nutricionais. Portanto, crianças com alergia múltipla devem ser encaminhadas para um nutricionista para se assegurarem que a dieta de eliminação seja nutricionalmente adequada.

Para falar deste assunto, a convidada não é uma profissional da saúde, mas sim uma Mothern Guerreira, que em sua luta diária para dar qualidade de vida ao filho, tornou-se uma especialista no assunto. A seguir trechos da entrevista com Renata de Sousa Abrão Alkmin Simões, 30 anos, mãe de Pedro, de 2 anos e 4 meses:

2 dedos de Prosa – Quem é Renata?

Hoje, Sou a Renata do Thiago e do Pequeno Pedrinho. Parei de trabalhar em decorrência da presença do AA- ALERGIA ALIMENTAR em nossas vidas, e em prol da saúde de Pedrinho. Às vezes, indagamos a DEUS sobre acontecimentos em nossas vidas, eu sempre agradeci, pois sei que tudo que acontece existe um bom motivo, uma explicação. Pedro veio de forma especial, de uma gestação especial, um nascimento incrível. Depois que ele nasceu, nasceu também uma nova Renata, a MÃE-GUERREIRA. Assim que me sinto diariamente, fortalecida, amada, corajosa, "uma onça", brinco com essa colocação por que o instinto materno sobressai, quando vejo alguém oferecendo coisas que ele não pode, ou mesmo, julgando minhas atitudes sobre a vida e saúde dele. Aprendi que as pessoas precisam primeiro conhecer o AA, para depois recomendar ou oferecer algo.

2 dedos de Prosa – Como foi o nascimento de Pedro? Quais foram os percalços?

Quando descobri que estava grávida, ao ouvir seus batimentos acelerados, me arrepiei toda. Foi emocionante. Mas, sabia que estávamos começando com muita luta, uma batalha árdua. Com 12 semanas tive inicio de aborto, 50% da placenta descolada, desde então fiquei em repouso absoluto, muita medicação para segurá-lo. Com 20 semanas, tive inicio do quadro de PRÉ-ECLAMPSIA, mais remédios, mas orações, comida restrita, zero sal. Exames, nossa! Quantos e quantos exames fiz! Com 35 semanas, resolvemos suspender a medicação para segurá-lo. Aiaiai, minha barriga endureceu, começaram dores fortes, internei. Voltamos as medicações. A pressão altíssima, e seguramos até 37 semanas, quando no dia 20 de abril de 2009, Pedrinho veio ao mundo. Thiago, todo emocionado, e eu em êxtase. A melhor coisa que aconteceu em minha vida. Minha vida mudou totalmente: dormir cedo, que nada... A noite inteira, piorou... Mas o incrível, era que sempre acordava como se tivesse dormindo dois dias seguidos, era uma força, e uma sensibilidade fora do comum.

2 dedos de Prosa - Quando descobriram sobre a alergia de Pedro, e como reagiram?

Por orientação, não fiz regime alimentar para amamentar o Pedrinho. Com isso, as manifestações da alergia alimentar, começaram a aparecer. Com 1 mês de vida, apareceram eczemas na bochecha, braços, barriga e bumbum. Comecei a suspeitar do leite. Com 4 meses, eu tive Rotavírus, Pedrinho chorava tanto de fome, então oferecemos o NAN, os 5 ml que entrou em contato com os lábios dele, fizeram estragos, muita dermatite, diarreia e vomito. Confirmamos a alergia a proteína do leite. Depois ao longo das introduções, foram ocorrendo reações imediatas e reações tardias.

2 dedos de Prosa – Quais as mudanças que tiveram que passar para acompanhar Pedro?

Mudanças radicais: vida social zero, nada de encontros que envolvem comida. Roupas, tudo 100% algodão. Material de limpeza e higienização: somente álcool, sabão de coco liquido e de barra, uso para o Pedro e para nós. Produto para banho e hidratação tudo especifico para ele, como: sabonete Cetrilan ou Kalima; hidratante: Cetaphil ou Fisiogel AI; pomada para assadura: depois de muitas testadas, só deu certo com CETRILAN. Nada de shampoo ou condicionador, perfume, gel... Pasta dental, ainda estamos em busca de alguma que não dê reação. Alimentos em casa prevalecem somente os que o Pedrinho pode comer, aqueles que precisamos comer e ele não pode, escondemos. A fase mais difícil foi recentemente, quando voltou para dieta zero. Eu não conseguia comer, e ouvir meu filho dizer que estava com fome, ou que queria comer algum alimento que não podia. Tive que parar de cozinhar em casa, comer escondido, ou comer na minha tia, ou minha mãe fazia uma marmita e trazia. Daí, sentimos menos a dieta zero. Foi uma fase difícil, mas a qual Pedrinho se estabeleceu, e agora de forma gradual, estamos voltando a reintroduzir alimentos.

2 dedos de Prosa - Qual o tratamento seguido?

Bom o tratamento é exclusão do alimento, além da medicação dependendo do caso. No caso do Pedrinho, além da exclusão alimentar, ele toma os seguintes medicamentos: LABEL (para esofagite), Singulair Baby (quadro asmatico), Nasonex ( rinite alérgica), Protovit (polivitaminico), Cewin (Vitamina C). E o Hixizine, para reações alérgicas. Ainda temos que comprar a EPIPEN -caneta de adrenalina, para prevenção de anafilaxia ou edema de glote, temos que encomendar com um fornecedor de São Paulo. Em Goiânia até agora, nenhuma das mães encontraram para comprar.

2 dedos de Prosa - Qual a dieta de Pedro?

Está no leite especial NEOCATE ADVANCE, chuchu, brócolis, batata salsa, carne de rã, carne de carneiro, cebola, alho, sal, sucralose, azeite. Sobre o trigo, tem 15 dias que estamos fazendo dessensibilização forçada, ou seja, o organismo dele está reagindo com dermatite herpetiforme - um estado de empolação da pele dos sensíveis a gluten - mas já não apresenta vômitos. Estou controlando o consumo diário, para que não piore o quadro. Ele fez reação recente a abobrinha verde. E hoje, reintroduzimos o tomate, até agora tudo bem.

2 dedos de Prosa – Como é conviver diariamente com a introdução de novos alimentos?

A insegurança está presente diariamente na vida dos familiares do alérgico, ainda mais para as mãe. Mas, devemos ter confiança nos profissionais que o assistem para o bom sucesso da reintrodução. Não é fácil. Você dá um alimento, e fica rezando para não ter nenhum tipo de reação. A tensão é grande, e a ansiedade é muita. Quando um alimento dá certo, a vontade que dá é de fazer uma MEGA FESTA, gritar para todo mundo: DEU CERTO, DEU CERTO.... Além de todos esses sentimentos que se misturam, ainda devemos preservar nosso pequeno Pedro, para não gerar negatividade em relação aos alimentos: desconfortos psicológicos, ou insegurança sobre alimentos e a vida. Tenho que ser artista, engolir choro pela tristeza ou pela alegria. Tenho que ter equilíbrio, e orienta-lo, conversando sobre tudo que acontece com ele. Explico tudo, com simplicidade e firmeza.

2 dedos de Prosa – Como é a rotina diária?

Quando temos médicos, tenho que alterar os horários de alimentação ou de dormir. Fora isso, acorda as 8 horas, toma mamadeira, brincamos no parquinho do nosso prédio ou fazemos uso da piscina. Assiste o Discoveryy Kids, socializa as letras e números. Normalmente é isso. Não gosto muito de fugir do cotidiano, pois toda criança precisa de rotina, horários, disciplina.

2 dedos de Prosa – Quais são os acompanhamentos diários de profissionais?

Pedrinho é assistido por pediatra, alergista, nutricionista, gastropediatra e odontopediatra. Frequentemente estamos em contato ou visita a alergista. Os demais se estiver tudo bem, uma veze ao mês.

2 dedos de Prosa - A alergia alimentar, como as outras, também não tem cura? Como será o reforço do organismo para uma melhor qualidade de vida futuramente?

A Alergia Alimentar ainda não tem cura. Existem vários estudos sobre vacinas, mas ainda são só estudos. O organismo passa a dessensibilizar ao longo do tempo, não temos como mensurar o tempo certo. Para cada paciente, cada caso é um caso. A projeção dos especialistas que cuidam do Pedrinho é que com 7 ou 10 anos de idade, esteja comendo melhor. Mas, ainda sim ficará com algumas alergias, com leves reações ou não. A medida é não expor a criança ao alergênico.

2 dedos de Prosa – Como foi deixar sua “vida” para se dedicar a Pedro?

No começo foi muito difícil, sempre trabalhei desde os meus 14 anos. Nunca tive as coisas fáceis. Depender de marido nunca me passava pela minha cabeça. Tive muitos conflitos, incertezas. Mas, quando olhava para o Pedrinho e ele sorria para mim, parecia que o mundo havia parado. Percebi que toda mudança é conflitante, mas benéfica. Tinha uma PESSOINHA que precisava muito de mim. Muitos me criticaram, me julgaram, ouvi barbaridades. Enfim, muita coisa que ouvi me chateou, mas passou. Hoje, entra em um ouvido e saí no outro. INFELIZMENTE, as pessoas não estão preparadas para o Alergia Alimentar. Mas, se DEUS quiser conseguiremos conscientizar muitos sobre o AA.

2 dedos de Prosa – Quais foram os momentos mais difíceis que já passou?

O pior foi quando Pedrinho foi exposto a três lambidas em um picolé de limão, e a reação imediata. Foi horrível, as urticarias se multiplicavam pelo corpo. Começaram a criar bolhas brancas, tipo pus. De repente, Pedrinho começou a ficar roxeado nas mãos, orelhas, pés. Nossa, entrei em pânico, a minha sorte, foi que dei dosagem sedativa do Hixizine, e foi rápido o atendimento no hospital. O medico aplicou medicação na mesma hora. E me disse: “Mãezinha, ainda bem que deu o Hixizine.” Quando tudo se acalmou, chorei muito. Eu quase perdi meu filho... Depois disso, radicalizei nada de saídas, nada de vida social. Se as pessoas nos amassem, viriam nos visitar. E realmente, hoje está claro quem realmente nos ama.

2 dedos de Prosa - Você disse sobre terem uma vida social menos intensa. Como acontecerá a ida a escola para Pedro?

Foi complicado ouvir que o Pedro tinha que sair o quanto antes do berçário, o qual ele ficou seis meses. Foi difícil, busca-lo desfalecido em meus braços, por não ter mais força, de tanta febre, vomito e diarreia. Até então ele comia derivados de soja, foi quando descobrimos alergia ao ovo, soja, látex, intolerância a frutose. Desde então, ele nunca mais voltou. Conversei com vários médicos, psicopedagogas, pedagogas, para entender o risco que seria colocar Pedrinho na escola. Ouvi que a idade ideal para criança ir para escola é entre os quatro, cinco anos. Mas, também que o Pedro, que sempre foi muito ativo e inteligente, não ficaria em déficit em relação as outras crianças. Poderia educa-lo em casa, até que as alergias estivessem melhorado. Além de que, poderia gerar um transtorno psicológico nele, devido as crianças comerem seus lanches compartilhando, e ele teria que ficar isolado para que não acontecesse nenhum risco à sua saúde. Até cuidados com os materiais escolares. Quando esteve no berçário, pintaram o rostinho dele com bandeira do Brasil, ficou uma gracinha, mas, mais tarde, o rosto empolou, e no local se fez eczema. Para o bem dele, será socializado a medida que a alergia permita. Hoje, fazemos com ele aprendizado diário, com letras, números, figuras, pintura com lápis, tudo em casa. E olha, que ele nos surpreende a cada dia.

2 dedos de Prosa – Quais os momentos que você se surpreendeu?

Hoje sou mais segura, para identificar as reações adversas aos alimentos. AA veio em minha vida, para modificar meus atos, pensamentos. Estudo sobre o assunto, compartilho informações e vitórias. Sempre fui um pouco complicada para experimentar alimentos novos, e me deparei com as situações pelo Pedrinho, que tive que comer. Por exemplo, comer RÃ? Pois é, aprendi. Tive uma nova reeducação alimentar, estou me surpreendendo. Comendo mais alimentos saudáveis, sem besteirol...

Ainda essa semana, Pedrinho acordou e disse: “Mãezinha, te amo tanto, bença Mãe.”, depois cantou: “Mãezinha do céu eu não sei rezar eu só sei dizer que quero te amar, azul é teu manto, branco é teu véu....” Pensei comigo: “OBRIGADO meu Papai do CÉU, por ter me dado esse ANJO, e força e sabedoria para ama-lo e educa-lo. E por meu marido me apoiar e nos amar tanto.” Existe algo mais surpreendente que ouvir isso!!!

2 dedos de Prosa - Como surgiu a associação?

Em Março de 2011, a Farmácia Municipal de Goiânia suspendeu o fornecimento dos leites especiais. Foi quando conheci outras MÃES-GUERREIRAS, nos encontramos para darmos entrevista a uma emissora local, desde então, participamos ativamente na vida de cada uma, viramos irmãs, compartilhamos sentimentos, problemas, necessidades. Foi quando manifestamos a vontade de montarmos uma associação para os Alérgicos Alimentares de Goiás, onde pudéssemos juntas lutar pelos direitos e melhoria de vida dos mesmos. Assim, nasceu a ASSOCIAÇÃO DOS PORTADORES DE ALERGIA ALIMENTAR DE GOIÁS - APAAGO. Começamos a concretizar nosso sonho, encontro com mães, pais e médicos.

“Procure o quanto antes conhecer o que acontece com seu filho ou filha. Procure um alergista, gastropediatra e nutricionista. Cada um tem uma finalidade. Procure sites de relacionamentos que trate sobre o assunto. Crie um diário da criança, ajuda muito na identificação do AA. Paciência e perseverança sempre. Sabiamente, o pediatra do Pedrinho disse: "CORAÇÃO DE MÃE NÃO SE ENGANA." E agora podem contar conosco da APAAGO.” Renata Simões (http://pedrocontraalergiaalimentar.blogspot.com  e http://apaago.blogspot.com/)

2 comentários:

  1. Patrícia e Renata,
    Estou em lágrimas aqui!Parabéns pela linda reportagem! E que sirva de exemplo para mães que por motivos torpes, reclamam da vida e não se posicionam como mães guerreiras que deveriam ser.

    Camila

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  2. é Mila, DEUS nos fez ESPECIAL!!! Agradeço a ELE por tudo...

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Obrigada pela a atenção!