2 Dedos de Prosa com a ambientalista Giselma Magalhães: o uso de sacolas plásticas

terça-feira, 12 de julho de 2011

Bate-papo com especialistas sobre assuntos
que estão em pauta.
Antiecológicas da matéria-prima ao processo de produção, as sacolinhas plásticas são as grandes vilãs do meio ambiente. Levam centenas de anos para se degradar criando montanhas nos aterros sanitários, inundando de lixo córregos e mares, e transformando até em alimentos para espécies marinhas.

Nada disso é novidade, mas, as questões a ela referentes são urgentes. Por isso, algumas cidades já começaram a ter atitude mais atuante criando leis que limitam ou proíbem o seu uso no comércio.

Belo Horizonte foi a primeira cidade Brasileira a adotar uma lei que proíbe a venda e a distribuição de sacos plásticos. A medida passou a valer em abril deste ano, tendo a expectativa de que 450 mil sacolas deixem de ser consumidas por dia nessa capital. São Paulo deve ser a próxima a contemplar o meio ambiente com tal iniciativa, no início de 2012, através de regras mais severas em relação ao consumo de tal produto.

Em outros países, o uso das sacolinhas acontece de maneira bem caracterizada. Na Alemanha o consumo de sacolinhas é bem abaixo da média de outros países Europeus, sendo cerca de 60 sacolinhas por pessoa por ano. Outra medida envolve o sistema de reciclagem que é considerado bastante eficiente, uma vez, que embalagens plásticas são jogadas em latas de lixo especiais, e depois transformadas em outros sacos ou produtos plásticos. Ainda sim, existem projetos públicos que pensam em melhorar o âmbito desta questão, e que não chegue a proibição do uso de sacolinhas.

Já na Austrália, na Índia e alguns países Africanos foi proibido o uso dessas sacolinhas. Em alguns estados dos Estados Unidos, na Bélgica e na Irlanda houve uma sobretaxa no uso das sacolas, o que tornou as muito caras para o consumidor, favorecendo a diminuição do uso. Na China, foi proibido o acesso gratuito a elas, como resultado o número de sacolas de plástico no meio ambiente foi reduzido.

A Itália decidiu pela proibição do uso de sacolas de plástico convencional nas compras. Em contrapartida foram introduzidos sacos biodegradáveis. Porém, essa ação é considerada por alguns ambientalistas como não sendo uma solução eficiente, pois o material pode ser nocivo ao meio ambiente, e também por não se degradar tão facilmente como se espera.

Mesmo existindo embalagens feitas de materiais renováveis, como a cana-de-açúcar e o milho, essa matéria-prima renovável não é garantia de que um produto é biodegradável, veja: O polietileno verde, por exemplo, é desenvolvido com derivado da cana-de-açúcar, matéria-prima 100% renovável, entretanto, o plástico não é biodegradável, ou seja, pode permanecer intacto na natureza por séculos. O plástico biodegradável é um produto é feito à base de amido de milho ou outro material renovável, mesmo sendo biodegradável, requer condições muito específicas de umidade e concentração de oxigênio para se decompor, e nos aterros, há a liberação de gás metano, relacionado ao efeito estufa. O oxibiodegradável é produzido por derivados do petróleo, leva em sua composição um aditivo químico com a função de acelerar na degradação da embalagem, este aditivo serve apenas para fragmentar a molécula plástica, não evitando que o processo deixe resíduos.

A partir destas considerações, o melhor é estimular o uso de embalagens duráveis, como as sacolas retornáveis. Visto que uma sociedade sustentável não está relacionada ao uso sem controle de produtos descartáveis.

Para falar mais deste assunto, e também sobre a coleta seletiva em Goiânia, o 2 Dedos de Prosa, conversou com a ambientalista Giselma Magalhães Bezerra Bohn, que é graduada em Zootecnia, especialista em Direito Ambiental com aperfeiçoamento em Auditoria, Gestão e Educação Ambiental:

2 Dedos de Prosa - Como você o Projeto de Lei 496/2007 que proíbe a distribuição e venda de sacolas plásticas em toda a Capital Paulista?

Giselma Magalhães - O projeto com certeza é impactante, mas é esse o objetivo. Impactar a população e mostrar o quanto o uso indiscriminado e inadequado das sacolas plásticas traz efeitos negativos ao meio ambiente e à infraestrutura da cidade. Se as pessoas não fazem sua parte em manter o meio ambiente limpo, sofrerá as consequências como esta, mesmo sendo de maneira obrigatória a ajudar o poder público na aplicação da Lei.

2 Dedos de Prosa - Você acha que o que acontecerá em São Paulo se a lei for aprovada, poderá servir de exemplo para o Brasil?

Giselma Magalhães - Como aconteceu no Rio e BH, indagações, opiniões contrárias e apoio. Mas como a cidade depende da contribuição maciça da população, para manter-se limpa. As pessoas vão acabar entendendo que essas ações as beneficiarão. Com certeza todo bom exemplo é bem vindo, assim outros projetos poderão ser adequados de acordo com a realidade de cada cidade.

2 Dedos de Prosa - Belo Horizonte, em Minas Gerais, foi a primeira cidade do país a adotar uma lei que proíbe a venda e a distribuição de sacos plásticos. Quais foram os impactos positivos desta ação?

Giselma Magalhães - A Lei está em vigor somente há alguns meses, mas segundo Saulo Ataíde, Chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte, a expectativa é de que 450 mil embalagens deixem de ser consumidas por dia. E que tais atitudes possam refletir diretamente na mudança de hábito da população, até mesmo repensar o que realmente é necessário levar para casa na hora de ir às compras.

2 Dedos de Prosa - Como acontece o uso de sacolas de plástico em outros países?

Giselma Magalhães - O uso é restrito e proibido em várias cidades da Europa e Estados Unidos. O foco é sempre na Educação Ambiental, no incentivo à reciclagem e na adoção de outros materiais reutilizáveis, os quais faltam investimentos pelas políticas públicas aqui no Brasil.

2 Dedos de Prosa - Segundo especialistas da área ambiental estimam-se que oito em cada dez sacolas plásticas sejam usadas como saco de lixo e, assim, tenham como destino os aterros sanitários. Com a proibição deste produto, o consumidor deverá comprar sacos plásticos para acondicionar o seu lixo. Essa atitude não acarretará danos ambientais tanto quanto o uso das sacolinhas, uma vez que também demoram a se decompor, como a sacolinha?

Giselma Magalhães - A proibição se restringe a distribuição gratuita em grandes supermercados para levar as compras. Será um processo de reeducação. O objetivo é diminuir o consumo destas, mas outros sacos plásticos ainda continuarão a serem distribuídos. A questão de grande relevância contidas nos projetos é em relação às atitudes da população, de como destinar corretamente as sacolas e reaproveitá-las ao máximo, deixando de adquirir novos exemplares. Como já citei anteriormente, a atitude de minimizar o uso das sacolinhas plásticas e buscar novas alternativas para ir às compras também será da população.

2 Dedos de Prosa - As sacolas biodegradáveis são uma alternativa para a sacolinha de plástico convencional?

Giselma Magalhães - Com certeza, mas se for certificada pelo órgão competente e comprovada a sua matéria-prima como, por exemplo, proveniente da cana de açúcar e amido. Por isso o incentivo do Governo para a produção das mesmas é indispensável. Salvo dizer que, mesmo os plásticos biodegradáveis deverão ter o mesmo destino dos não biodegradáveis, o aterro sanitário. Pois, se eles também não forem destinados de maneira correta, poderão causar mesmo que seja por um tempo menor, a poluição de modo geral.

2 Dedos de Prosa - Além dos sacos plásticos, quais seriam as alternativas para acondicionamento de lixo doméstico?

Giselma Magalhães - O resíduo reciclável (pet, vidro, lata, papel, isopor, etc) pode ser acondicionado em caixas de papelão, pois como temos a coleta seletiva em nossa cidade, a caixa pode ser colocada na calçada em local e hora adequada. Já o resíduo orgânico pode ser reaproveitado de várias maneiras, mas vai depender do tipo de moradia. Este pode ser acondicionado em sacos de algodão e de papel, verificando sempre a questão sanitária do local e adequando às essas exigências.

2 Dedos de Prosa - Como você vê a coleta seletiva em Goiânia?

Giselma Magalhães - É uma iniciativa que merece destaque. Está com certeza contribuindo para termos uma cidade limpa e organizada, mas precisa ser intensificado principalmente em relação à divulgação, pois a população precisa aprender a separar e acondicionar corretamente os resíduos recicláveis e orgânicos. Pois, infelizmente, a grande maioria da população não faz a sua parte, às vezes por falta de incentivo e por não saber como contribuir. E ressalto que defendo a obrigatoriedade de grandes comércios, edifícios e condomínios de fazer a coleta seletiva.

2 Dedos de Prosa - A inclusão da coleta do óleo de cozinha, já feita em restaurantes e bares, e em breve ampliada para o recolhimento em casas, é uma ótima iniciativa porque a renda da venda deste óleo será revertida para as famílias de cooperativas de reciclagem. Como você vê essa iniciativa?

Giselma Magalhães - Vejo que essa medida beneficiará não só as cooperativas, mas vai proporcionar um grande avanço na coleta seletiva em nossa capital. Pois o óleo descartado poderá ser reutilizado e retirado da lista dos degradantes do meio ambiente por ser em potencial um grande contaminador do solo e lençol freático, além de entupir a canalização.

2 Dedos de Prosa - Dicas para uma melhor seleção dos descartes de resíduos domésticos, para a Dona de Casa:

Giselma Magalhães - O material que deve ser descartado é todo aquele que para você não tem mais utilidade como: embalagens de isopor, plástico, vidro, latas em geral, papéis, dentre outros. Como em nossa capital temos a coleta seletiva e de acordo com que o projeto dispõe para facilitar a seleção e coleta dos resíduos, a dica é simples: todo material reciclável deve ser limpo e acondicionado em um único recipiente. E em outro o lixo orgânico. Muito cuidado ao descartar as pilhas, baterias e outras fontes poluidoras. Estes devem ser levados para os coletores da prefeitura, no nosso caso existem vários espalhados pela capital. Outra dica é levá-los para os coletores privados localizados em bancos e grandes supermercados.

“As atitudes de hoje refletirão no amanhã. Não se esqueça que vivemos o amanhã de nossos pais... então não deixe que sua omissão de hoje seja o futuro de seus filhos.” - Giselma Magalhães

3 comentários:

  1. Ficou tudo muito bom. As perguntas são inteligentes e as respostas ídem... Show!!!
    W.F.F.

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  2. Sou imensamente grata por você, pela oportunidade de estar divulgando meu trabalho. Só tenho palavras para agradecer de coração!E te elogiar mais uma vez pela iniciaiva e dedicação. Sou uma pessoa abençoada por ter você em minha vida, compartilhando todos os momentos, apoiando e incentivando cada gesto que possa contribuir para termos uma vida cada vez melhor. E claro mais do que especial por ser minha comadre. Parabéns!!!

    Grande beijo.

    Giselma

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  3. Somos capazes de contornar os problemas ambientais atuais. Basta acreditarmos nessa capacidade e mudarmos um pouquinho só os nossos hábitos.
    Meninas, parabéns pela inicitiva. Show!!!
    Ana Claudia

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Obrigada pela a atenção!