Disco Nota 11: “Hunky Dory” – David Bowie

domingo, 7 de setembro de 2014

Por Paulo Afonso Fernandes para rockontro.com

Hunky Dory
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O “CAMALEÃO” DAVID BOWIE
Costuma-se dizer que David Bowie, ao invés de apenas uma, tem várias carreiras artísticas. Suas mudanças musicais são (ou pelo menos eram) acompanhadas de mudanças em sua imagem pública. Se olharmos para as suas fotos nas capas de seus discos facilmente percebemos as alterações visuais: cabelos curtos, compridos, lisos, ondulados, escovados, loiros, laranja, amarelos; vestuário masculino, feminino, andrógino, espacial, brega, chique, sei-lá-o-quê.
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David em 1966, 1968 e 1970
Deixando-se de lado essa grande habilidade de Bowie de chamar a atenção com sua(s) imagem(ns), podemos afirmar que ele é um dos músicos mais singulares e influentes da história do rock.
O INÍCIO DA CARREIRA
David Robert Jones nasceu em 1947 em Brixton, Londres, Inglaterra. A partir de 1962 participou de algumas bandas de rock, incluindo os Kon-rads, que não tiveram grande importância. Em 1967 decidiu adotar o nome David Bowie, para não ser confundido com seu homônimo David Jones membro do grupo norte-americano The Monkees, que viviam seus 15 minutos de fama na época.
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Em 1968 gravou seu primeiro álbum “David Bowie” com influências de music hall, do psicodelismo do Pink Floyd de Syd Barrett, do rock dos Kinks e da música folk.
Em 1969, maravilhado pelo filme “2001, Uma Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick, Bowie compôs seu primeiro sucesso: Space Oddity, que nos trouxe o primeiro de uma bizarra galeria de personagens bowianos: o astronauta Major Tom.
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Ainda em 1969 gravou seu segundo álbum, também chamado “David Bowie” (e mais tarde rebatizado como “Space Oddity”). O disco não alcançou o sucesso esperado e Bowie pensa em largar a música e se dedicar ao teatro e à mímica. Logo após passou uma temporada nos EUA onde conhece Andy Warhol.
De volta à Inglaterra lançou seu terceiro disco “The Man Who Sold the World”, um excelente trabalho que beira o hard rock e traz na capa um Bowie andrógino, de vestido feminino e cabelos compridos, deitado num divã. O disco obteve um sucesso mediano, principalmente nos EUA.
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A primeira guinada de David Bowie rumo ao estrelato aconteceu em 1971 com seu quarto disco “Hunky Dory”. Bowie consegue costurar suas diversas influências: Bob Dylan, Syd Barrett, música de cabaré, hard rock, com melodias envolventes e letras estranhas e surrealistas.
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A primeira música, o animado rock Changes, fala sobre o que viria a se tornar sua marca registrada: a procura por constantes mudanças e reinvenções. Em seguida temos homenagens aos ídolos no folk rock Song for Bob Dylan e na hard-balada-maluca Andy Warhol. O manifesto à ambigüidade sexual, que Bowie adorava alimentar sobre si mesmo, emQueen Bitch. Bowie nos fala de amor familiar em Kooks e mostra a capacidade de compor belas baladas em Quicksand.
Mas o ponto máximo dessa primeira obra-prima de David Bowie, e uma de suas melhores musicas, é Life On Mars?. Uma canção sobre a solidão na adolescência, pontuada por uma melodia etérea e espacial; que ainda nos remete à percussão do poema sinfônico “Assim Falava Zaratustra” de Richard Strauss, não por acaso presente na trilha sonora do filme “2001, Uma Odisséia no Espaço”.
“Hunky Dory” não teve o devido sucesso quando do seu lançamento, seu reconhecimento só veio quando do êxito triunfal do disco subseqüente “The Rise of Ziggy Stardust and The Spiders from Mars”.
Na capa mais ambigüidade andrógina: Bowie, de cabelos cor de laranja numa pose a la Greta Garbo.
FAIXAS
Todas as músicas foram escritas por David Bowie, exceto Fill Your Heart.
Lado A
1. Changes
2. Oh! You Pretty Things
3. Eight Line Poem
4. Life on Mars?
5. Kooks
6. Quicksand
Lado B
1. Fill Your Heart (Biff Rose, Paul Williams)
2. Andy Warhol
3. Song for Bob Dylan
4. Queen Bitch
5. The Bewlay Brothers

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