Por Paulo Fernandes para rockontro.com
ABAIXO A GUITARRA ELÉTRICA
Quem diria? A mesma Elis Regina que, em 1967 havia, sido uma das lideres da passeata contra a guitarra elétrica na música brasileira (tendo conseguido arrastar até o tropicalista Gilberto Gil para tal insanidade), caiu de cabeça no rock (com guitarra elétrica e tudo mais) menos de uma década depois.
Jair Rodrigues, Elis Regina, Gilberto Gil e Edu Lobo na passeata
Bom para nós, ouvintes. Em 1976, aquela que é considerada a melhor intérprete da música brasileira lançou um dos melhores álbuns da chamada MPB (música popular brasileira):“Falso Brilhante”. O grande diferencial desse álbum e que suas duas musicas inicias, Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida, ambas de Belchior, são rocks. Mas não é só isso,uma atmosfera de rock mais ou menos diluída permeia alguns outros momentos do disco, como em Quero de Thomas Roth ou Jardins de Infância de João Bosco e Aldir Blanc.
Um dos grandes méritos de Elis Regina, além de ser uma grande intérprete, foi o de impulsionar a carreira de jovens e talentosos compositores. Milton Nascimento, João Bosco, Zé Rodrix e Belchior (dentre tantos) devem muito à “Pimentinha”, como era conhecida a irrequieta Elis.
DO CIRCO PARA O DISCO
O álbum, que é brilhante até no nome, nasceu do sucesso de um espetáculo que teve mais de 1.200 apresentações entre 1975 e 1977. Chamado de “Falso Brilhante”, o show contava histórias da vida e da carreira de Elis Regina, usando uma ambientação circense.
"Falso Brilhante", o espetáculo
Com o sucesso de “Falso Brilhante”, o show, Elis selecionou algumas músicas para agravação de “Falso Brilhante, o disco de estúdio.
Um álbum perfeito que ainda conta com os arranjos de César Camargo Mariano, na época marido de Elis.
Podemos comprovar a versatilidade de Elis Regina nesse álbum em que, além dos rocks e da MPB, ela interpreta com emoção a música Los Hermanos do argentino AtahualpaYupanqui e Gracias a La Vida da chilena Violeta Parra, ambas de forte cunho social e humano, isso em uma época de ditadura militar no país.
E, para emocionar meus pais, fazendo-os lembrar da juventude, uma versão em português para um ícone do cancioneiro francês: Fascinação, que foi gravada por dezenas de artistas (entre eles Nat King Cole). Como vocês podem ver um disco para integrar diferentes gerações.
FAIXAS
Lado 1
1) Como Nossos Pais (Belchior)
2) Velha Roupa Colorida (Belchior)
3) Los Hermanos (Atahualpa Yupanqui)
4) Um Por Todos (João Bosco, Aldir Blanc)
5) Fascinação (F. D. Marchetti, Maurice de Féraudy – versão: Armando Louzada )
Lado 2
1) Jardins de Infância (João Bosco, Aldir Blanc)
2) Quero (Thomas Roth)
3) Gracias a La Vida (Violeta Parra)
4) O Cavaleiro e os Moinhos (João Bosco, Aldir Blanc)
5) Tatuagem (Chico Buarque, Ruy Guerra)
MÚSICAS
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