2 dedos de Prosa com Ana Austin sobre a exposição Sou Frida

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Com cerca de cento e cinquenta obras, em diversos materiais, linguagens e tamanhos, de noventa e dois artistas, de​ onze países, a 2ª exposição Sou Frida, tem encantado o público Goianiense. A mostra organizada pela artista Ana Marta Austin, está na Galeria Cultura e Cidadania do  Procon Goiânia, que fica na avenida Tocantins, 191, Centro – e vai até o dia 28 deste mês. Veja mais na página do evento.

Sobre o universo de Frida Kahlo, e como começou o projeto de Sou Frida, por Ana Austin, conversei semana passada com a artista. Leia abaixo, os principais trechos:

Patricia Finotti Opinião – Como iniciou o projeto sou Frida? E o porquê do projeto se estruturar em Arte Postal?

Ana Marta Austin - O Projeto "Sou Frida!" começou em março de 2013, para homenagear o Dia
Cartaz da Exposição
Internacional da Mulher, como alternativa às homenagens corriqueiras que duram só um dia
. A Arte Postal se apresenta como o veículo ideal para isso, já que não conhece as fronteiras do tempo, das distâncias, idiomas, ideologias. Pela Arte Postal disseminamos ideias, espalhamos cultura e conhecimento de qualquer assunto que se pretenda.

P.F.O. – Como foi feita a convocatória para mobilizar as pessoas a integrarem o Sou Frida?

A.M.A. - Lancei a convocatória nas redes sociais: blog (http://fridaemim.blogspot.com.br/), Facebook. Criei um blog especialmente para o projeto e pedi para que cada pessoa mostrasse a "Frida" que tem dentro de si... ou como vê Frida Kahlo. Os trabalhos poderiam ser enviados via correio tradicional e/ou eletrônico.

Com a artista Ana Austin e
Sylvia Pelles Diretora do
Fundo Municipal de Defesa do Consumidor
do Procon-Goiânia
P.F.O. - Por que Frida Kahlo?

A.M.A. - Procurei um ícone para a proposta da homenagem. Queria uma mulher feminista de comportamento, uma mulher como qualquer outra, que teve vida conturbada, sofrida, mas que foi autêntica; além de que, Frida Kahlo foi, por muito tempo, a única referência de mulher no mundo e na História da Arte, espaço eminentemente masculino. Ela foi uma mulher que deixou um legado completo em relação à arte, política, vida. Uma mulher que merece ser conhecida, e é. Hoje já existe o termo "fridolatria"... Frida é pop. 

P.F.O. – Goiânia, é a segunda capital a receber Sou Frida. Como aconteceu a primeira exposição no restaurante El Paso Texas do Terraço Shopping?

A.M.A. - O Restaurante El Paso fica num shopping perto da quadra onde moro. Um dia passei lá e vi um portal azul, e toda decoração inspirada na cultura mexicana, de imediato, vi ali o melhor lugar para mostrar o "Sou Frida!". Enviei o projeto por mensagem para o dono do restaurante, o chef David Lechtig, que logo me colocou em contato com sua assessora de comunicação e todo o processo transcorreu em clima de magia, a ambientação ficou perfeita e ficamos lá pouco mais de 30 dias. A acolhida e a receptividade do público foram ótimas, acima das minhas expectativas para essa primeira experiência, o mesmo que está acontecendo, agora, na Galeria Cultura & Cidadania do Procon - Goiânia. Espero que as próximas sejam tão maravilhosas e profícuas como as duas primeiras.

P.F.O. - O porquê em expor em diversas regiões do Brasil?

A.M.A. - Como pretendo levar esse projeto para o Museo Frida Kahloa famosa Casa Azul, quero levar com ele as diversas representações de nossa cultura. Quero deixar lá como pensamos e sentimos em relação a Frida Kahlo. Ao mesmo tempo, em cada região por onde passar, as pessoas irão conhecer as nossas próprias representações, já que cada região tem suas peculiaridades e formas de se expressar. Essa troca de conhecimento é uma característica forte na Arte Postal.

P.F.O.  - Como o projeto tem sido recebido pelas pessoas?

A.M.A. - O projeto tem sido muito bem recebido. As pessoas têm muita curiosidade, porque Arte Postal não é uma modalidade muito conhecida, e porque, como já dissemos, Frida Kahlo é pop, tudo o que se refere a ela vira atração; a diferença do nosso projeto, é que ele não tem caráter comercial, ou seja, as obras não são vendidas.

P.F.O. - Como será chegar a Casa Azul de Frida no México?

A.M.A. - Essa é uma pergunta que eu também me faço. Quando iniciei o projeto ele seria apenas uma homenagem virtual na galeria permanente do blog, mas comecei a receber tantas obras maravilhosas que senti a necessidade de mostrá-las "ao vivo" e saí em busca de espaços. A partir daí, o projeto só cresce, e eu entendi que não tenho o direito de guardar um acervo tão especial só para mim, então, penso que o Museode Frida Kahlo será o melhor lugar para abrigá-lo e onde todos esses trabalhos poderão ser vistos por pessoas do mundo inteiro. Agora, como chegar lá... Vou precisar de apoio, parcerias, patrocínio. Já estamos na nossa segunda exposição, espero que as possibilidades comecem a aparecer.

A melhor parte nisso tudo é ver que as pessoas já se sentem estimuladas a se representarem nesse projeto, desenvolvendo assim essas possibilidades/capacidades, sem pensar que precisam ser artistas para isso. Arte Postal é toda Arte que se troca por correio, e todo trabalho com esse propósito é Arte. Tenho visto que as pessoas estão pesquisando, as crianças estão sendo estimuladas em casa e nas escolas e isso significa aprendizado, descobertas. A Arte é para todos, é desenvolvimento do pensamento crítico, é autoconhecimento. Estão de parabéns todos os espaços que se abrem para a Arte e a Cultura.

P.F.O. - Por que Frida continua a ser um ícone, seja nas artes, na moda, nos conceitos feministas?

A.M.A. - Na minha opinião, pela força de sua personalidade. Depois de sessenta anos de sua morte, Frida Kahlo continua uma unanimidade. Foi uma mulher como poucas;mesmo se envolvendo em política, simpatizando com o Comunismo da época. Mesmo tendo uma vida pessoal bastante conturbada, até para os dias de hoje, vivendo sua sexualidade plenamente e sofrendo as agruras das traições. Mesmo com todas as limitações de seu corpo e saúde frágeis, com sua personalidade forte, sua autenticidade e firmeza de caráter, deixou uma marca indelével na história do mundo e, em especial, na história da mulher no mundo e na História da Arte, não se prendendo a movimentos, estilos, fez o que quis fazer. Era mexicana, mas é do mundo hoje e sempre será.

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