Enem – Competências e Habilidades em nome da cidadania

terça-feira, 24 de junho de 2014

Por Cristiano Siqueira, Diretor Pedagógico do Grupo PreparaEnem,bacharel em Administração e Direito, licenciado em Matemática e Poeta


É evidente a importância do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de ingresso ao nosso ensino superior.   A cada dia que passa, mais Universidades aderem, integral ou parcialmente, ao exame. No Brasil, 115 estabelecimentos de ensino público utilizam desse processo seletivo. Recentemente, instituições estrangeiras como a Universidade de Coimbra e a Universidade da Beira Interior em Portugal, anunciaram a sua adesão ao Enem.  Neste ano de 2014, segundo dados do MEC, o concurso bateu mais um recorde, contabilizando mais de 8,7 milhões de inscritos.

 Mas o que isso significa? O que os pais, alunos e professores precisam saber a respeito desse critério de seleção que revoluciona em nosso país a forma de adquirir, demonstrar e mensurar os conhecimentos necessários à entrada na faculdade? Dota-se o Enem de uma forma mais justa de avaliar os candidatos?  O que muda na preparação dos nossos futuros universitários?

Inicialmente, é preciso enfatizar que o Enem tem uma sistemática bem distinta dos tradicionais vestibulares. A diferença basilar está no conteúdo programático. O Enem é regido por uma matriz de competências e habilidades que, comparativamente, contém menos conteúdos.  No entanto, ao contrário do que muitos imaginam, as suas provas não são simplistas e mais fáceis do que as provas dos antigos certames. Tudo é uma questão de contexto e abordagem, o Enem prima pela aplicação do conhecimento ao cotidiano, ao passo que os vestibulares, normalmente, enfatizam o conhecimento pelo conhecimento. 

A proposta do Exame Nacional do Ensino Médio é a de aferir algumas modalidades estruturais da inteligência designadas de competências. Tais modalidades correspondem, resumidamente, à capacidade dos candidatos em operar e estabelecer relações entre diversas linguagens; fazer uso de conceitos e metodologias com fins de compreender determinados fenômenos; resolver situações-problemas; fazer uso de estruturas argumentativas através do domínio da leitura e da escrita; e conseguir aplicar a teoria nas exigências prático-concretas do dia-a-dia. Trata-se de um processo seletivo que prioriza a resolução de problemas por intermédio de propostas lógicas. Como decorrência dessa filosofia, as cinco Áreas do Conhecimento ─ Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Redação ─ não valorizam a memorização, mas a capacidade dos alunos em manipular as informações, estabelecendo conexões entre o que está nos livros e os desafios práticos da vida.

Observando tais princípios, faz-se de suma importância que o aluno se prepare para o Enem de uma forma inovadora. É importante que o estudante tenha em mente que para desenvolver as habilidades exigidas nas avaliações, há que se estudar de maneira a aprimorar continuamente a agilidade de raciocínio, o que não pode ser confundido com “pressa” para pensar. O Enem muito se assemelha ao SAT (Scholastic Aptitude Test – processo seletivo norte-americano) onde o primordial é a capacidade de interpretar, organizar e coordenar informações em um tempo médio de três minutos por questão. Destarte, percebemos que o Enem, enquanto instrumento de verificação da aprendizagem (mínima para se entrar na faculdade), cumpre seu papel de teste de inteligência sem deixar de lado a Educação. Assim, o exame estimula nos cursos preparatórios, o Professor-Educador, aquele que enxerga um horizonte mais amplo para os seus discípulos, lançando seu olhar para além da barreira que, durante muitos anos, limitou a nossa visão: o obstáculo tecnicista dos vestibulares.

É necessário darmos aos nossos alunos os saberes imprescindíveis para o desenvolvimento da maturidade necessária em um curso superior. Afinal, não estamos simplesmente treinando vestibulandos, mas sim preparando cidadãos, futuros profissionais que irão servir a nossa sociedade com ética e sabedoria. O Enem é a ferramenta capaz de abolir a intelectualidade de rodapé e introduzir a Educação no Ensino Médio. Eis o momento de aliarmos o conhecimento técnico-científico com a proficiência de uma existência íntegra e cidadã.

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