Vivência com os povos do Alto Xingu

terça-feira, 31 de março de 2015

por ASCOM Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge


A região do Alto Xingu compreende aldeias que vivem no lado sul do Parque Indígena do Xingu, em que grupos falantes de diferentes línguas compartilham um mesmo repertório cosmológico, com modos de vida semelhantes e articulados por trocas comerciais, casamentos e cerimônias. As nove etnias do Alto Xingu são os Yawalapiti, Kamayurá, Kuikuri, Matipu, Nahukua, Kalapalo, Tanguro, Waurá e Mehinako. 

Nesta vivência, entre os dias 2 e 5 de abril de 2015, durante a Semana Santa, algumas destas etnias estarão presentes mostrando sua cultura, seus ritos, cantos, tradições e modos de fazer.

Um dos objetivos da Casa de Cultura ao realizar esta atividade é tornar essa experiência acessível a estudantes, professores, pesquisadores e sociedade em geral são: divulgar a cultura e disseminar os conhecimentos indígenas; preparar técnicos para atuar junto aos do Alto Xingu e outras etnias; proporcionar geração de renda para membros das etnias do Alto Xingu por meio do recebimento de ajuda de custo, venda de artesanatos e outros produtos culturais.

Dinâmica do Curso-Vivência - O Curso de Vivência com os povos do Alto Xingu oferece a oportunidade de conviver por quatro dias com cerca de 20 representantes das etnias da região, entre líderes, caciques, xamãs, artesãos, corredores, agricultores, jovens, mulheres e crianças. A dinâmica possibilita que o participante adquira conhecimentos históricos, culturais e sociais das etnia e das populações indígenas em geral, além de aprender princípios e expressões da língua, da culinária, da medicina e do artesanato. São oferecidas 30 (trinta) vagas aos interessados, que deverão ficar alojados nas ocas da Aldeia Multiétnica ou em barracas. A alimentação será em cozinha comum. Iniciado o curso, todos deverão incorporar-se à dinâmica e ao cotidiano de uma aldeia. Pela manhã, à tarde e à noite serão realizadas oficinas, “rodas-de-conversa” e “conversas ao pé do fogo”, quando assuntos relacionados à cultura e aos problemas dos povos indígenas serão aprendidos e debatidos.


Programação:

1o Dia – 02/04

A partir das 14hs - Recepção dos participantes;

De 14 as 18hs - Dinâmica de apresentação – reconhecimento do espaço - orientações gerais. Pernoite na aldeia

2o Dia – 03/04

Manhã

- de 07:00 as 08:00 - Banho no rio (Despertar)

- de 08:00 as 09:00 - Café da manhã

- de 09:00 as 12:00 - Reunião no pátio/incorporação dos alunos ao grupo indígena do Alto Xingu e Interação sobre a cultura Xinguana

- 12:00 as 14:00 - Almoço tradicional Xinguano

- 15:00 - Oficina prática de pintura corporal

- 16:00 - Cantos e apresentações da tarde

- 17:30 - Banho

- 18:00 as 19:30 - Jantar

- 20:00 - sessão de filme 

- 21:00 - “Conversas ao pé-do-fogo” 

Encerramento das atividades do dia, festas e cantos da noite.


3o Dia – 04/04

- de 07:00 as 08:00 - Banho no rio (Despertar)

- de 08:00 as 09:00 - Café da manhã

- 09:00 as 12:00 - Trasnmissão de conhecimentos sobre a culinária Xinguana

- 12:00 as 14:00 - Almoço tradicional Xinguano

- de 14:30 as 16:00 - Oficina de artesanato

- de 16:00 as 17:00 – Lançamento do Livro do indigenista e escritor Fernando Schiavini - “OS DESAFIOS DO INDIGENISMO”. Que ao mesmo tempo, publica e divulga a segunda edição da sua primeira obra, “De Longe Toda Serra é Azul – Memórias de um Indigenista”.

- 18:00 as 19:30 - Jantar

- 20:00 - sessão de filme 

- 21:00 - “Conversas ao pé-do-fogo” 

Encerramento das atividades do dia, festas e cantos da noite.


4o Dia – 05 de abril

- de 07:00 as 08:00 - Banho no rio (Despertar)

- de 08:00 as 09:00 - Café da manhã

- de 10:00 as 12:00 – Confraternização de encerramento da vivência, cantos, danças, dinâmicas e brincadeiras 

- 12:00 as 14:00 - Almoço tradicional Xinguano

- a partir das 13hs – retorno dos participantes

Obs.: as atividades poderão sofrer alterações devido a dinâmica indígena, que é naturalmente mais livre e passa por momentos decididos pelas próprias lideranças;


COMO SE COMPORTAR EM ALDEIAS INDÍGENAS

01. PESQUISE tudo o que for possível sobre o povo e a região que você vai visitar. A Funai mantém uma boa biblioteca sobre a questão indígena em Brasília, assim como outras instituições. 

Acesse www.funai.gov.br, www.socioambiental.org.br, www.cimi.org.br, www.todaserrazul.comentre outros, para obter não somente informações históricas, mas também notícias e artigos sobre a questão indígena.

02. RESPEITE AS AUTORIDADES DA ALDEIA. Procure inicialmente o “cacique” ou alguém que o esteja substituindo. O cacique é a pessoa escolhida pela comunidade para se fazer representar externamente. Nessa condição ele deve intermediar toda a relação que você deverá ter com a aldeia.

03. SEJA EDUCADO E ATENTO. Visitar uma aldeia indígena é o mesmo que visitar qualquer povo no mundo que tem uma cultura diferente da sua. Você é um forasteiro. Não entre em nenhuma casa se não for convidado ou sem pedir licença. É de boa educação aceitar comidas e bebidas do anfitrião, mesmo que não se goste delas. Atente para os hábitos cotidianos (comer, beber, tomar banho, cumprimentar as pessoas, etc.) e logo se sentirá à vontade. Se tiver dúvidas, pergunte sobre os hábitos e costumes. Geralmente as pessoas gostam de falar sobre a sua própria cultura para os que não a conhecem.

04. NÃO OSTENTE AS SUAS POSSES. As comunidades indígenas de modo geral não acumulam bens materiais e podem ainda estar passando por dificuldades diversas. Leve para a aldeia somente o indispensável para suas necessidades básicas, isso ajudará também em sua locomoção. 


05. RESPEITE OS MOMENTOS FESTIVOS. Todas as comunidades indígenas possuem seus rituais, festas e brincadeiras. Eles devem ser respeitados. 

06. FORMALIZE AS RELAÇÕES COM A COMUNIDADE. O cacique é apenas uma das autoridades da aldeia. Outras existem e devem entender os objetivos de sua presença. Fale claro, objetivamente e em linguagem simples. Procure repetir várias vezes os pontos principais das proposições. Não se esqueça de que para as comunidades indígenas o português é apenas uma segunda língua.

07. SEJA IMPARCIAL. Quase invariavelmente, em qualquer comunidade indígena, duas ou mais facções disputam a liderança da aldeia. Elas podem, inclusive, contar com alianças externas, que podem ter interesses espúrios na comunidade. Procure não se envolver e tampouco ser envolvido por elas. Escute a todos com atenção e faça proposições que possam dar saída para os impasses.

08. AGUARDE O CONSENSO - Os povos indígenas tomam suas decisões por consenso e não por votação. Não force a tomada de decisões imediatas. O consenso sobre determinado assunto poderá demorar bastante ou mesmo não se realizar. Há um “tempo indígena” que deve ser respeitado na tomada de decisões importantes. Elas podem depender de composições políticas internas e até de consultas espirituais.

09. NÃO SE NEGUE À AMIZADE. Pessoalmente você poderá se simpatizar com determinadas pessoas ou famílias da comunidade. Nada mais normal que pessoas se simpatizem com outras. Se esse é o caso, não se furte a travar laços de amizade com elas. Se a amizade for construída em bases honestas e igualitárias, todos terão oportunidade de aprender e evoluir com ela. 

10. São duas opções de Hospedagem, em rede ou acampados, para a rede trazer rede e 4 m de corda, para o camping trazer a barraca. A alimentação será realizada pelos próprios indígenas que consiste em peixe e beijou, além de frutas.

Elaborado por Fernando Schiavini (Técnico Indigenista da FUNAI).

O texto acima tem como referência uma visita a aldeias indígenas, mas consideramos parte do contexto da Aldeia Multiétnica.

Realização: Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge

Contatos: Geovana Jardim e Juliano Basso

Fones e e-mails: (62) 3455-1077 / 8585-7670 / aldeia@encontrodeculturas.com.br, 

institucional@encontrodeculturas.com.br

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